O banho noturno
Caminha pelo corredor tateando as paredes.
Sem janelas, o corredor é mais escuro do que o
resto do apartamento. Mas logo ela se vê diante da
porta do banheiro, onde é grande a luminosidade
que vem da rua.
Através do vidro canelado, a noite se filtra, leitosa,
e ela pode distingui todos os contornos com
exatidão. Até mesmo sua imagem, na rata do espelho.
Na penumbra, abre o chuveiro e recebe no corpo o jato
gelado, buscando no banho noturno o fim daquela febre
que a consome. A febre de uma lembrança- de um tempo
em que corpos ardentes faziam a água ferver.
Autor: Heloisa Seixas
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